quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Objetos de estudo e crítica:

Casa de Cultura Mario Quintana (CCMQ) /Flávio Kifer e Joel Goski
Espacio VIAS-Centro Creación Jóven / Estudio SIC

Ponto de partida inicial da comparação:
Estes espaços tem em comum serem projetos de “rearquitetura”, ambos foram adaptados para atender a necessidade da população local.


































Localização:

Os dois projetos ficam em regiões centrais dentro de seus municípios, sendo áreas bastantes movimentadas, tanto pro comércio quanto ao residencial.
Na Casa de Cultura Mario Quintana, como seu primeiro projeto contemplava um hotel, fica evidente a necessidade de hospedagem em regiões mais centrais; e no Espaço Vias, não é diferente, onde a estação de trem, primeiro projeto do local, nos mostra a importância de atender o fluxo que o local já recebia.

Casa de Cultura Mario Quintana

Vias Cultural Center



História:

Espacio Vias – León – Espanha
CCMQ – Porto Alegre – Brasil 



 


**Contexto**

Inicialmente a Casa de Cultura era o grande Hotel Magestic, projetado pelo arquiteto alemão Theo  Wiederspahnde. O arquiteto teve de projetar um prédio para apenas metade de um dos dois terrenos separados por uma rua na avenida mais importante da cidade da epóca. Nesse edifício de quatro pavimentos funcionou a revendedora de veículos Sulford. Esse uso pode explicar a inexistência de pilares internos no prédio, o que mais tarde veio a ser muito importante para a reforma e mudança de utilização. Além de mostrar que, apesar de seu estilo do século XIX, escondia uma estrutura e plantas modernas, sendo considerada a primeira construção de concreto armado do Estado. 





O Espaço Vias, veio da necessidade local de locomoção as demais regiões da cidade. Uma estação rodoviária que tinha como principal atributo função, sem se preocupar com estética ou em ser algo grandioso.Espaço Vias Centro de Criação Jovem, no projeto original da estação de trem já havia uma edificação para uso de funcionários e usuários do trem, onde acontecia o comercio de bilhetes.


A casa de cultura tinha preocupação estética, pelo fato de ser um hotel, seu principal objetivo era atrair público.


Como citado à cima, primeiramente a casa seria feita em somente um dos lados do terreno, e posteriormente veio a ideia de fazer o projeto que ocupasse o outro lado da rua, em que os dois fossem ligados por passarelas.

Projeto inicial, era composto por simetria nos dois lados da rua que "corta" o prédio.
1º planta mostra a ideia inicial, do projeto que ocuparia um lado apenas da atual Travessa dos Cataventos, e na debaixo, a planta-baixa do pavimento tipo do hotel, já ocupando os dois lados da travessa.

Outras fotos da época de maior público do hotel:
As passarelas que ligam as duas alas do prédio serviram para encontros e conversas descontraídas dos hóspedes. Muita gente morou no Majestic -famílias inteiras. Também ali se hospedaram políticos e artistas famosos brasileiros.

A portaria do Majestic foi conservada pelos responsáveis pela transformação do edifício para acolher a casa de Cultura Mario Quitana. Joel Gorski e Flávio Kiefer optaram, no final dos anos 80, por manter esta ala com a mesma aparência original da construção, do piso ao teto. Nesta ala, funciona a área administrativa, no primeiro andar.

Um dos quartos típicos do Hotel Majestic já no final de seu funcionamento.



         Como e por que ocorreram as mudanças ?

Com o tempo, os dois projetos acabaram por cair em desuso. Já não havia necessidade de linhas férreas pois a população já tinha encontrado outros meios de locomoção, enquanto o grande hotel, perdera seu grande fluxo por não ser o mais moderno com o evoluir do tempo.



         




        
**História dos Novos Projetos**

Espaço ViasA cidade de León, no norte da Espanha, estava passando por um planejamento que prometia converter um de seus maiores problemas urbanísticos em uma solução que melhorará as relações da cidade. Trata-se do plano de reconversão da linha férrea do FEVE (Ferrocarriles de Vía Estrecha) em um grande espaço público linear. É uma solução para um corte na cidade que propõe integrar dois bairros que estão separados por esses trilhos criando edifícios públicos nas antigas estações e permitindo uma futura afirmação daquele espaço ao invés de negá-lo. 
O projeto que inicia esse plano é o Centro de Criação Jovem Espaço Vias, desenhado pelo Estudio SIC. A idéia principal é aproveitar o ambiente coberto pré-existente para abrigar o Laboratório Temporal e integrá-lo, através do antigo pátio de manobras, com o edifício novo do Instituto da Juventude.
Olhando as fotos podemos perceber a intenção do plano, que era justamente criar esses espaços públicos. Existia um programa a ser cumprido e esse projeto cumpriu. Foi implantado de forma consciente, sem competir com nada. Esse projeto foi a oportunidade dada à população em se apropriar de um espaço e requalificar uma área que antes não pertencia à ninguém.  

CCMQ - O "reprojeto" teve por somente uma transformação radical no interior daquele prédio de longos e escuros corredores, onde se amontoavam centenas de pequenos cubículos, poderia fazê-lo uma casa de cultura digna de seu nome, digna de sua arquitetura e da expectativa que o meio cultural depositava em sua reforma, disseram arquitetas envolvidas no projeto.

Seu "reprojeto" teve início em 1980 com a compra do antigo prédio do Hotel Majestic. A partir de 1983 se tornou patrimônio histórico. Desde então, foi transformado em casa de cultura.

       No mesmo ano, através da Lei 7.803 de 8 de julho, recebeu a denominação de Mario Quintana, passando a fazer parte da então Subsecretaria de Cultura do Estado.         A obra de transformação física do Hotel em Casa de Cultura, entre elaboração do projeto e construção, desenvolveu-se de 1987 a 1990.




Nas suas formas: 

Espaço Vias Centro de Criação Jovem,foi adicionada uma nova edificação. Essa, possui uma característica moderna, devido ao projeto sustentável do telhado verde e fachada envidraçada. 
O prédio original da estação foi transformado em um grande e aberto espaço da galeria multifuncional enquanto que um novo prédio, virado para a fachada norte foi elaborado para ser usado como auditório e com escritórios.
         O Espaço Vias tem em sua função, ceder espaço e meios para que a juventude local possa trabalhar sua criatividade e desempenho através de um ambiente que possibilite condições físicas para isso.

A casa de cultura tem um grande "rasgo" no meio de sua edificação devido a uma rua que corta os prédios. 
O "reprojeto" teve por somente uma transformação radical no interior daquele prédio de longos e escuros corredores, onde se amontoavam centenas de pequenos cubículos, poderia fazê-lo uma casa de cultura digna de seu nome, digna de sua arquitetura e da expectativa que o meio cultural depositava em sua reforma, disseram arquitetas envolvidas no projeto.
Os arquitetos tiveram o desafio de planejar 12.000 m2 de área construída para a área cultural, em 1.540m2 de terreno, transformando o que eram vários quartos de hotel em grandes espaços, como mezanino, salas de cinema e teatros, bibliotecas, salas de exposições, entre outros espaços.
         Os espaços da Casa de Cultura Mario Quintana estão voltados para o cinema, a música, as artes visuais, a dança, o teatro, a literatura, a realização de oficinas e eventos ligados a cultura. Eles homenageiam grandes nomes da cultura do Estado do Rio Grande do Sul.

Termos para as mudanças:

Para essas mudanças, no Espaço Vias não encontramos nenhuma legislação que regesse a mudança do local, na verdade toda transformação foi muito bem recebida pois faltava na cidade áreas de usos público e que levasse em conta a cultura local.

Já na Casa de Cultura, teve um longo processo de tombamento, transformando a edificação em patrimônio histórico. E esse processo regeu a transformação, de modo em que houve um restauro da sua fachada, na qual não poderia ser mudada, e a permanência do edifício em si, que sua principal modificação foi no seu interior.


A identidade da memoria anterior de cada local foi permanecida de diferentes modo nos projetos:
A casa de cultura teve por manter toda edificação, devido também à legislação vigente, responsavél pelo patrimonio. 
No Espaço vias, o Escritório Estudio Sic, deixou  que as linhas da antiga ferrovia regessem o espaço aberto, além de manter a edificação da estação, realizando mudanças na mesma.




**Organização dos espaços**




Implantação:



Espaço Vias – Avenida Padre Isla, 48

 Planta Baixa













Corte preexistência





Corte adição 




Mapa da Rua dos Andradas:

Casa de Cultura Mário Quintana - Rua dos Andradas, 736



     


                                                                Planta Baixa 1° pavto



Mezanino





2° pavto






 3° pavto 

                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                    4º pavto                                                                                                                                                                                            


5º pavto


6º pavto

Corte




**Analogia/Similaridade**
Com apenas uma rápida observação dos dois projetos estudados, podemos perceber que ele não tem nada que seja parecido em sua forma, quer na função original, quanto nas suas novas atribuições. Como dito no início, um projeto usa da verticalidade, ao passo que o outro é horizontal. Já com relação à parte cultural, sim, eles combinam em suas funções, por terem, ambos, se tornado um espaço aberto ao público para uso da cultura; para que a comunidade em sua volta pudesse usufruir de seu espaço físico para conhecimento cultural.




Porém alguns elementos esses dois projetos possuem em comum, mesmo que não sendo de forma abrangente, como por exemplo, tanto a CCMQ, quanto o Espaço Vias, apresentam um espaço de área descoberta. No primeiro caso, trata-se de uma rua que se interpõe entre a torre do lado esquerdo e a torre do lado direito. Já o outro projeto, mostra um pátio, com estruturas de madeira para servir de bancos aos usuários, sendo que esse espaço em questão são na verdade os antigos trilhos da linha férrea.












As aplicações são distintas, mas talvez a idéia tenha sido a mesma! Algum tipo de espaço ou ponto do local que tivesse o verde como personagem. Na Casa de Cultura, encontramos um pequeno jardim,a onde antigas banheiras (provavelmente do mobiliário do Hotel) são usadas como uma espécie de bonsai gigante. Já o Espaço Vias, um telhado verde foi projetado em cima da adição.















Grandes salões provavelmente para uso de aulas/apresentações de dança ou teatro.


















O acesso é dado por meio de uma importante rua ou avenida da cidade (Rua dos Andradas e  Padre Isla).














**Vantagens e desvantagens dos projetos depois da revitalização**
 No espaço vias:
-Espaço de utilidade pública, pois permite que a juventude utilize aquele lugar;
-Telhado verde no edifício anexo, mostrando preocupação com o meio ambiente e também uma forma de proporcionar o devido conforto térmico do prédio;
-Ambiente amplo e de fácil localização por estar no centro da cidade e com grande circulação de pessoas;
-Permite a incidência de muita luz natural devido a quantidade necessária de vidro empregado no projeto;
-O centro jovem pode ser visto também como uma maneira de evitar que os jovens da cidade aonde ele fica sitiado não utilizem de vandalismos, pois desse forma, eles possuem um espaço próprio, deles mesmos para que possam trabalhar suas artes.
        Mas em meio a todas as vantagens desse projeto, destaco a desvantagem de sua estética.
          Acredito que a forma que as fachadas foram planejadas e compostas, não favoreceu o exterior do projeto. Não vejo encaixe de padrões estéticos entre o prédio alvo da rearquitetura (Estação de trem revitalizada) e o edifício novo. Não vejo semelhanças de estilo, e as diferenças entre o novo e antigo estão muitos embaralhados.

Na casa de cultura:

-Espaço de utilidade pública, pois permite que pessoas de todas as idades utilize aquele lugar;
-Ambiente amplo e de fácil localização por estar no centro da cidade e com grande circulação de pessoas;
-Espaço em memória de um grande poeta local, e outras demais personalidades importantes para a cidade;
- Projetado somente com a finalidade de aproximar a cultura do público geral;
 Em suma, sua maior desvantagem é sua localização, por ser em uma avenida importante para a cidade, há muita poluição sonora e as salas de cinema e teatros não tem o isolamento acústico devido.

Ficha técnica:

Escritório de arquitetura Estudio Sic - Espaço Vias - Centro de Criação Jovem

 Arquitetos Flávio Kiefer e Joel Gorski - Casa de Cultura Mario Quintana






       Casa de Cultura Mario Quintana
         
  Foto Externa 
















Foto Interna 1











Foto Interna 2








Foto Interna 3











Foto Interna 4







Foto Interna 5









Foto Externa 1








Foto Externa 2












Foto Externa 3





  Consideração:

 Acredito que os dois projetos sejam exemplo de “boa-arquitetura”, sendo que trouxeram vida à um local que ficaria sem uso, criando dentro de suas cidades grandes áreas públicas destinados ao lazer e bem-estar da população.

Textos: Ana Maria Souza & Juliana Fernandes Bandeira.

   Fonte fotos: www.inhabitat.com e http://www.kiefer.com.br/artigos/28 )

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